Em tempos de cultura vintage, fomos procurar a origem da palavra. No meio dessa trip, num surto de sincronicidade, começamos a receber informações de tudo que é lado: revistas, e-mails e até por telefone.
Está se usando muito cultivar o vintage. Existe toda a cultura vintage. De modo que resolvemos mexer com o tema. Para começar, qual o significado, digamos, etimológico da palavra? Recorri aos dicionários. Engraçado, pensávamos que fosse um termo francês e o primeiro dicionário procurado foi o Petit Larousse. Não consta! Daí fui ao Aurélio e também não tem. Então, o jeito foi ir aos de língua inglesa. Em todos tem. Vintage é uma palavra inglesa, quem diria! É uma palavra ligada à uva. Traduzida para o português dá vindima. Vindima tem no Aurélio. É colheita ou apanha de uvas. Num sentido mais figurado pode significar colheita de qualquer fruto. E também no Aurélio vindima pode significar aquisição. Que é mais o caso aqui do artigo. Já no Webster, vintage (pronunciado "vin'tij", pronúncia inglesa) significa "crop", "harvest", ou seja, safra, colheita. Por exemplo, um caso vintage é um vinho de ano excelente de safra excepcional, mas também carro antigo bem conservado. E, claro, roupas, acessórios e objetos de uma época de bom gosto e melhor acabamento. Coisa datada, de certa antiguidade, o melhor daquela safra, ainda mantendo a allure. Ainda que fora de moda, vintage é algo muito mais rico como referência histórica, da época em que foi feito ou esteve em uso. "A car of 1917 vintage", exemplifica o Webster.

Carro de 1917
Vintage versus minimalismo
Números antigos de revistas sofisticadas, a volta dos LPs de vinil, aquele Salvatore Ferragamo que te apertava o pé desde que comprado numa liquidação do Bloomingdale's há uns 20 anos, tudo pode ter seu côté vintage. Pode-se comprar algo acabado de ser lançado já pensando no vintage de amanhã.
Para os cinéfilos à cata de pérolas vintage, sugiro baixar da internet dois filmes. Um deles é The Vintage, de 1957, cujo título brasileiro é Vindima Trágica. Estrelado por Pier Angeli, Michèle Morgan, Mel Ferrer e John Kerr, é um melodrama passado no França rural durante uma colheita; o outro é Baby Doll (Boneca de Carne, de 1956). Da peça homônima de Tennessee Williams e dirigido por Elia Kazan, tem Carroll Baker no papel título lançando o baby-doll, que se tornaria uma peça vintage no vestuário feminino. Condenado pela Legião de Decência por ocasião do lançamento, Baby Doll é um filme "forte" ainda hoje.
The vintage
Baby Doll
Vintage também, mesmo não sendo roupa antiga, são as camisas de algodão xadrez da Renner. O xadrez será sempre um look vintage. Zac Efron de camisa xadrez na capa da revista Atrevida mostra que o padrão veste bem todas as idades.
Resumindo: o vintage será sempre vintage. Ainda assim, com a proliferação dos brechós de luxo e novos antiquários, tem-se a impressão que muita gente está se desfazendo do vintage em prol do minimalismo. Assim sendo, enquanto uns se apegam ao minimalismo despojado, outros se esbaldam no vintage. Donde se conclui que, benza Deus, tem pra todos os gostos!
Fonte: Joyce Pascowitch